Sinha Vitória, personagem de Vidas secas, de Graciliano Ramos, é o reflexo de muitas mulheres dedicadas ao cuidado da família e do lar. Nesse caso, um lar itinerante, marcado pela seca e pela miséria. Ainda assim, em meio a tanta desgraça, ela é a estrela-guia de seu marido (Fabiano), sempre esperançosa e confiante em um futuro melhor. Sua esperança repousa na educação dos filhos. Para ela, Sinha Vitória ambicionava apenas uma cama para repousar, mas para os filhos desejava que frequentassem escolas, que fossem diferentes dos pais – “Nossa Senhora os livrasse de semelhante desgraça. Vaquejar, que ideia!” (RAMOS, 2019, p. 119). Fabiano, vaqueiro por sina, confundia-se com bicho, grunhia e irritava-se com as perguntas curiosas dos filhos, afinal, “um sujeito como ele não tinha nascido para falar certo” (RAMOS, 2019, p. 21). No entanto, tocado pelos sonhos da esposa, Fabiano também passou a acreditar que, quando a seca desaparecesse, “os meninos poderiam falar, perguntar, encher-se de caprichos” (RAMOS, 2019, p. 23), iriam à escola aprender “coisas difíceis e necessárias” (RAMOS, 2019, p. 124). A educação desempenha um papel importante no enredo de Vidas secas. A leitura, a capacidade de articular as palavras para se defender, os cálculos matemáticos para não ser enganado pelo patrão, são atributos indispensáveis para romper o destino fatídico do retirante, desprovido de bens materiais e, também, de dignidade. A visão da escola como emancipadora ditará a tônica da investigação, porém não é qualquer ensino que cumpre os objetivos constitucionais de promover o bem de todos e de eliminar a discriminação de origem, raça, sexo e cor. O conteúdo transmitido, a qualidade do ensino.
Política educacional de gênero como propulsora do desenvolvimento social / Ferraz, MIRIAM OLIVIA KNOPIK; Maria Fadel Becue, Sabrina. - (2022), pp. 270-296.
Política educacional de gênero como propulsora do desenvolvimento social
Miriam Olivia Knopik Ferraz;
2022
Abstract
Sinha Vitória, personagem de Vidas secas, de Graciliano Ramos, é o reflexo de muitas mulheres dedicadas ao cuidado da família e do lar. Nesse caso, um lar itinerante, marcado pela seca e pela miséria. Ainda assim, em meio a tanta desgraça, ela é a estrela-guia de seu marido (Fabiano), sempre esperançosa e confiante em um futuro melhor. Sua esperança repousa na educação dos filhos. Para ela, Sinha Vitória ambicionava apenas uma cama para repousar, mas para os filhos desejava que frequentassem escolas, que fossem diferentes dos pais – “Nossa Senhora os livrasse de semelhante desgraça. Vaquejar, que ideia!” (RAMOS, 2019, p. 119). Fabiano, vaqueiro por sina, confundia-se com bicho, grunhia e irritava-se com as perguntas curiosas dos filhos, afinal, “um sujeito como ele não tinha nascido para falar certo” (RAMOS, 2019, p. 21). No entanto, tocado pelos sonhos da esposa, Fabiano também passou a acreditar que, quando a seca desaparecesse, “os meninos poderiam falar, perguntar, encher-se de caprichos” (RAMOS, 2019, p. 23), iriam à escola aprender “coisas difíceis e necessárias” (RAMOS, 2019, p. 124). A educação desempenha um papel importante no enredo de Vidas secas. A leitura, a capacidade de articular as palavras para se defender, os cálculos matemáticos para não ser enganado pelo patrão, são atributos indispensáveis para romper o destino fatídico do retirante, desprovido de bens materiais e, também, de dignidade. A visão da escola como emancipadora ditará a tônica da investigação, porém não é qualquer ensino que cumpre os objetivos constitucionais de promover o bem de todos e de eliminar a discriminação de origem, raça, sexo e cor. O conteúdo transmitido, a qualidade do ensino.File | Dimensione | Formato | |
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