Arcadismo Atlântico. As metamorfoses pastoris de António Dinis da Cruz e Silva

O rápido declínio da Arcádia Lusitana foi interpretado como a consequência inevitável da discrepância entre a articulada teorização estética e a escassa relevância da prática poética, entre a “voluminosa atividade crítica e doutrinária” e a “fraca obra criadora” (Saraiva). Uma exceção significativa à essa leitura é oferecida pelas Metamorfoses de Antonio Dinis de Cruz e Silva (1731-1799). Trata-se de uma obra ambiciosa e de difícil classificação, ponto de chegada de uma rica trajetória poética e de uma incessante tentativa de reformular o imaginário pastoril mas, também, síntese ideal da complexa rede de conexões e influências recíprocas que liga o arcadismo lusitano ao brasileiro.