O trabalho decente no mundo globalizado: dumping social e preocupação internacional

A globalização é campo fértil para o crescimento de grandes empresas, que passaram a cruzar as fronteiras de seus países originários objetivando acessar novos mercados de consumo. Essas empresas, conhecidas por multinacionais, hoje estão estabelecidas contemporaneamente em diversas sociedades. Muitas dessas empresas dissociaram a sua sede comercial da produtiva. Comumente essas empresas escolhem, para instalação de suas indústrias, países cuja proteção trabalhista e custos fiscais e de mão-de-obra sejam menores, acarreando no maléfico efeito conhecido por dumping social. Todavia, com o incremento dos meios telemáticos, especialmente redes sociais, o consumidor volta sua preocupação não apenas com o preço do produto, mas também pela sustentabilidade da cadeia de produção, inclusive no aspecto trabalhista. Na Europa foram divulgadas nos últimos anos diversas notícias apontando que empresas, especialmente da área têxtil, estavam explorando mão-de-obra em países subdesenvolvidos, pagando baixos salários e não observando as mínimas condições de saúde e segurança no labor desses trabalhadores. O dumping social é um dos principais problemas, mas não é o único efeito negativo da globalização na área trabalhista. Pode-se destacar a exploração de estrangeiros e de migrantes no Brasil, amealhados pela sedução de melhoria da condição de vida do trabalhador, que muitas vezes se revelam verdadeiras armadilhas e que muito se aproximam à uma escravidão moderna. O desrespeito à dignidade do trabalhador já implicou na condenação do Brasil perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos, pautado pela sua omissão na fiscalização. Um interessante esforço é a edição, pela Organização das Nações Unidas, da Agenda 2030, com a indicação de 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável. Todavia, essa iniciativa está muito próxima de seu prazo final, sem ter atingido, com efetividade, seus ideais.

Globalization is fertile ground for the growth of large companies, which began to cross the borders of their original countries in order to access new consumer markets. These companies, known as multinationals, are now established in different societies at the same time. Many of these companies dissociated their commercial and productive headquarters. Usually these companies choose, for the installation of their industries, countries whose labor protection and tax and labor costs are lower, resulting in the harmful effect known as social dumping. However, with the increase in telematic means, especially social networks, the consumer is concerned not only with the price of the product, but also with the sustainability of the production chain, including the labor aspect. In Europe, several news items have been released in recent years pointing out that companies, especially in the textile area, were exploiting labor in underdeveloped countries, paying low wages and not observing the minimum health and safety conditions in the work of these workers. Social dumping is one of the main problems, but it is not the only negative effect of globalization in the labor area. One can highlight the exploitation of foreigners and migrants in Brazil, amassed by the seduction of improving the worker's living conditions, which often prove to be true traps and therefore, close to modern slavery. The disrespect for the dignity of the worker has already resulted in the condemnation of Brazil before the Inter-American Court of Human Rights, based on its omission in inspection. An interesting effort is the edition, by the United Nations, of the 2030 Agenda, with the indication of 17 goals for sustainable development. However, this initiative is very close to its deadline, without having effectively achieved its ideals.