Introdução: uma pergunta intrigante1 As notas desenvolvidas neste capítulo sobre a dimensão persistente do Mito na era da Ciência, como uma dimensão-chave entre as representações sociais e a memória coletiva, não têm uma natureza especulativa. Elas estão fundamentadas em uma questão – movida por dados empíricos – que me intriga desde a época em que fui afrontada pela força impressionante do imaginário da loucura e sua galeria polimorfa, que vai de uma rica variedade de imagens fantástico-mágicas até representações criminalizadas ou medicalizadas da pessoa louca2. A pergunta é a seguinte: como representações arcaicas e míticas, não-socializadas (pertencentes ao domínio de representações coletivas), tomam forma no imaginário contemporâneo e, especialmente, como elas se manifestam em crianças pequenas com uma autonomia tão surpreendente da socialização, transmissão e elaboração do conhecimento? Como podemos explicar representações sociais fora dos círculos visíveis da gênese social e da elaboração do conhecimento? Para responder a esta questão precisamos trabalhar mais nas dimensões imaginativas (ou imaginárias, como diriam os psicanalistas) das representações sociais, ao invés de tratá-las de uma maneira descritiva, reduzindo a pesquisa a mostrar o que já é evidente (DE ROSA, 2006; DE ROSA; FARR, 2001).
Mito, ciência e representações sociais / DE ROSA, Anna Maria Silvana. - STAMPA. - 13(2009), pp. 123-175.
Mito, ciência e representações sociais
DE ROSA, Anna Maria Silvana
2009
Abstract
Introdução: uma pergunta intrigante1 As notas desenvolvidas neste capítulo sobre a dimensão persistente do Mito na era da Ciência, como uma dimensão-chave entre as representações sociais e a memória coletiva, não têm uma natureza especulativa. Elas estão fundamentadas em uma questão – movida por dados empíricos – que me intriga desde a época em que fui afrontada pela força impressionante do imaginário da loucura e sua galeria polimorfa, que vai de uma rica variedade de imagens fantástico-mágicas até representações criminalizadas ou medicalizadas da pessoa louca2. A pergunta é a seguinte: como representações arcaicas e míticas, não-socializadas (pertencentes ao domínio de representações coletivas), tomam forma no imaginário contemporâneo e, especialmente, como elas se manifestam em crianças pequenas com uma autonomia tão surpreendente da socialização, transmissão e elaboração do conhecimento? Como podemos explicar representações sociais fora dos círculos visíveis da gênese social e da elaboração do conhecimento? Para responder a esta questão precisamos trabalhar mais nas dimensões imaginativas (ou imaginárias, como diriam os psicanalistas) das representações sociais, ao invés de tratá-las de uma maneira descritiva, reduzindo a pesquisa a mostrar o que já é evidente (DE ROSA, 2006; DE ROSA; FARR, 2001).I documenti in IRIS sono protetti da copyright e tutti i diritti sono riservati, salvo diversa indicazione.