Amazônia Brasileira: maldição dos recursos naturais ou renovado colonialismo?

Não obstante as várias mudanças políticas ocorridas depois do impeachment de 2015, o Brasil está ainda tentando emergir da sua crise econômica. Fatores como corrupção e políticas sociais assistencialistas parecem ter contribuído, no passado, ao fortalecimento de uma dinâmica dependente a vários níveis, em vez de produzir mudanças estruturais e melhorar o bem-estar. Como consequência, as ferramentas políticas propostas pelos governos que seguiram aos 12 anos de domínio do PT, visam reduzir os gastos públicos e estimular o crescimento. Isso se alinha com as tendências das políticas econômicas latino-americanas de abandonar a aplicação heterodoxa a favor de intervenções neoliberalistas1 (WYLDE, 2016). De fato, seja qual for a linha de política econômica, para que ocorra crescimento econômico, a produção de energia e seu acesso são de importância crucial, mesmo apesar da ameaça que a exploração de recursos representa para o território e a população (KILEBER&PARENTE, 2015). Neste artigo, a seção dois descreve o efeito da dotação de recursos (endowment) na estratégia energética brasileira: destaca-se o papel da Amazônia Legal na exploração dos recursos, levando em consideração a alocação incorreta dos benefícios (FEARNSIDE, 2016). A seção três mostra dados relevantes para ressaltar que a realização de grandes projetos, especialmente hidrelétricos, melhorou o desenvolvimento econômico no estado do Pará. Finalmente, a seção quatro destaca a brecha que abriu-se nessa área entre desenvolvimento humano e renda per capita (PNUD, IPEA&FJP 2017).